As palavras que não são ditas e as conversas que não são
tidas, são perigosas.
Essas palavras e conversas são pensadas e acumulam-se,
formam camadas e camadas de pequenos rancores, tristezas e desilusão.
E a pessoa vai calando, porque não se quer chatear ou porque
não quer magoar o outro, ou porque acha que ainda não chegou a altura de as
deitar cá para fora.
O problema é que na maior parte das vezes elas não são
esquecidas, apenas ficam adormecidas na memória.
E um dia. Um dia em que até não se disse nada de especial,
nada que levasse a que se esperasse uma reacção daquelas, sai tudo cá para
fora.
E não sai de mansinho, nem educadamente, nem dito de maneira
suave para não magoar.
Saem meses ou anos de mágoas e rancores e tristezas e
desilusões, que se foram juntando e acumulando até se transformarem numa enorme
bola de palavras ácidas e destrutivas.
É este o perigo das palavras não ditas.
Ana Silvestre
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