As modificações, transformações e evoluções pessoais vêm
sempre acompanhadas de dor.
Eu lembro-me sempre da história da borboleta, que para sair
do casulo, embora lhe custe e por vezes demore imenso tempo, tem de ser ela a
realizar esse trabalho, se a ajudarmos, simplesmente, morrerá.
Connosco é igual, para uma mudança ser eficiente, tem de vir
de dentro para fora. E custa, custa a quem passa por ela e custa aos que
assistem.
Quantos pais já não choraram ao ver os filhos
transformarem-se? Aqueles meninos ou meninas tão doces, chegam a uma altura em
que abrem as asas e nada os pára. E então inventamos desculpas, que foram as
más companhias que os influenciaram. Que os estragaram. Não foram.
São eles a crescerem. São eles a construírem a sua própria
vida e o seu futuro.
Alguns experimentam drogas, ou álcool, outros têm outro tipo
de atitude que consideramos reprovável. É a vida deles. Temos de os deixar
viver e bater com a cabeça e aprender. Mas custa…
Às vezes somos nós, já mais velhos, mas que sempre fizemos
aquilo que os outros esperavam de nós. Até que um dia decidimos pôr um termo
áquilo.
Ou continuamos a agir como sempre agimos e nos deixamos
lentamente morrer por dentro, ou damos um pontapé e dizemos e fazemos aquilo
que nos faz felizes.
E talvez também nos digam que nós mudámos, que nos tornámos
insensíveis, que outros nos influenciaram.
Digam o que disserem, uma vez a decisão tomada não
voltaremos atrás porque decidimos pegar nas rédeas da nossa própria vida,
porque a vida é nossa e cabe a nós vive-la da forma que nos fizer feliz.
Eu não acredito em amores em que não se dizem as coisas para
não magoar. Seja entre pais e filhos, ou filhos e pais, ou entre marido e
mulher ou irmãos.
Quem não diz aquilo que o magoa, vai alimentando mágoas e
rancores e esse nunca pode ser um amor puro. Um dia, quando um dos dois morrer,
permanecerão palavras por dizer, ressentimentos e pesos na consciência, porque
não conseguimos amar em plenitude quem nos magoou.
Ana Silvestre
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