04 janeiro, 2015

O país que nós temos


Há certas coisas em Portugal que me irritam sobremaneira.

Eu sou portuguesa, alfacinha de gema, ou seja nasci em Lisboa e os meus pais nasceram ambos também em Lisboa, sou portanto portuguesa de todos os costados.

Mas não me identifico nem nunca me identifiquei com esta espécie de fado da alma portuguesa. E eu até gosto de fado, não gosto é de fatalismos, pessimismo e este encolher de ombros que muitos portugueses têm perante o que lhes acontece.

Irrita-me quando pergunto a alguém como foram as férias ou o Natal, e ele me responde com um encolher de ombros: “passou-se”. Que se passou já eu o sei, como tudo se passa. Passa a noite, passa o dia e passa a vida. As férias e as festas ou foram boas ou más, “passou-se” não é resposta plausível, na minha opinião.

Outra coisa que me enerva e os meus amigos brincam comigo a toda a hora, respondendo-me assim, é quando dizem “é o país que nós temos”. Nunca dizendo isto se for uma coisa boa, só é assim para as más, como se fosse tudo mau no nosso país.

Porque é que quando ganhamos alguma coisa, quando nos distinguimos a nível mundial, quando somos elogiados, ninguém diz: “É o país que nós temos”?

Eu acho que nasci num país maravilhoso, com um bom clima, com óptimas praias, com lindas florestas. Adoro a nossa comida e gosto ainda mais do nosso espírito hospitaleiro e altruísta. Gosto dos portugueses. É este o país que nós temos. Bom.

Ana Silvestre

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