Ontem perguntei-vos o que não podia faltar na vossa mesa de
Natal e hoje vou falar-vos da minha.
A consoada é por norma passada em minha casa, com a minha
irmã, cunhado e sobrinho, irmão, os meus tios e até este ano, a minha mãe.
Este ano não teremos a minha mãe. Teremos a minha prima,
aquela de que vos falei aqui há uns tempos que regressou do estrangeiro.
Na nossa consoada há sempre bacalhau com couves. E doces, fatias
douradas, torta de laranja, sonhos, quindim, mousse de chocolate, além do bolo-rei.
O dia de Natal é também passado em minha casa e aí optamos
pelo peru que fica a cargo da minha irmã, do peru até gostamos, mas aquilo que
nos faz perder a cabeça é o recheio que a minha irmã faz, de tal maneira que
ela agora faz um tabuleiro só com o recheio à parte. Também não pode faltar a
roupa velha que para quem não sabe é feita com os restos do bacalhau, batatas,
couves e ovos da véspera. Até agora era a minha mãe que a fazia, no ano passado
a minha irmã aprendeu a fazê-la, para podermos continuar com a tradição.
A época natalícia cá em casa é sempre animada e uma grande
confusão. Eu tenho três filhos e enquanto acreditaram no pai Natal era uma
excitação enorme porque o meu tio vestia-se sempre de pai Natal e os miúdos
punham-se à janela a chamar por ele, instigados pela minha irmã que dizia que
já tinha visto o trenó e que tinha acabado de falar com ele ao telefone e ele
tinha-lhe dito que já estava muito perto.
Desejo que o vosso Natal seja tão inesquecível como costumam
ser os meus.
Deixem-se contagiar por este espírito de magia e muita
alegria.
Ana Silvestre
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