Onde muitos vêem coincidências, eu vejo sinais.
Onde muitos passam pela vida sem tomarem atenção aos
pormenores, eu fico a pensar neles e a minha intuição diz-me que vão fazer
sentido mais à frente.
E penso que estas características me fazem diferente de algumas
das pessoas.
Desde criança que eu reparo em sinais, que Deus ou a vida me
dá. E retenho-os na minha memória, muitas vezes sem saber explicar a razão.
Mais à frente eu entendo-os. Parecem um puzzle, que só
depois de encaixadas as peças, passa a fazer sentido.
Tal como há pessoas que dão muitos erros ortográficos e por
muito que vejam uma palavra bem escrita, não aprendem a escrevê-la, ou também,
quem diz uma palavra de forma incorrecta e por muito que a tentem emendar,
repete sempre como repetia.
Há pessoas que se
escrevem uma palavra mal, assim que entendem que não estava correcta, passam a
escrevê-la correctamente, ou quando pronunciavam mal uma palavra, uma vez que
foram emendadas nunca mais se esquecem.
São pessoas que retêm aquilo que aprendem e usam esse
conhecimento.
Vou dar-vos apenas um pequeno exemplo, porque tenho muitos
mais.
Os meus pais não se davam bem, aguentaram o casamento
durante dezasseis anos, não sei bem porquê, talvez porque tivesse de ser assim
e as coisas só terminam quando têm de terminar.
As minhas melhores amigas durante a infância tinham os pais
que eu considerava perfeitos. Quando eu as visitava nas suas casas, sentia-se a
harmonia. E eu ficava atenta aos pormenores e analisando as diferenças entre
aqueles casais e os meus pais.
Os meus avós, com quem eu passava quase sempre as férias
também se davam muito bem.
E então desde criança, eu decidi que havia de ter um
casamento assim. Ao analisar os outros, eu percebi que era possível ser
diferente. Eu percebi que tinha a possibilidade de ter um casamento
completamente diferente do dos meus pais.
Se eu não tivesse os avós que tive ou as amigas que tive,
provavelmente não saberia que havia alternativas.
Como esta, tenho muitas mais “coincidências” na minha vida,
como por exemplo o dia e a forma conheci o meu marido, mas essa fica para outra
ocasião.
Ana Silvestre
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