Ao aproximar-se o final do ano, chegam as considerações e
balanços do ano de cada um.
O meu coração divide-se entre querer que o ano termine ou
não. Por um lado desejo que passe, para poder encerrar um ciclo que me corrói,
por outro, não o quero deixar para trás porque quando falar dele será sempre
como se uma parte de mim tivesse ficado presa lá.
Relembrarei para sempre o dia 11 de Janeiro em que o meu
filho fez dezasseis anos e em que o pai da minha melhor amiga faleceu. O meu
coração dividiu-se entre a alegria dos festejos por mais um ano do meu filho e o
desespero da minha querida amiga.
No domingo de Páscoa foi a vez da minha querida avó, que
partiu depois de tantos anos a sofrer deitada numa cama.
Enquanto eu viver nunca esquecerei o telefonema que recebi
do meu irmão às três da manhã do dia vinte e quatro de Setembro de 2014, nunca
esquecerei o seu tom de voz baixo, querendo adoçar a voz e a mensagem que tinha
para me dar: “Mana, a nossa mãe já partiu. A nossa mãe já cá não está”, depois
lentamente: “Se quiseres despedir-te dela, podes vir ter ao hospital, eles
esperam que vocês venham para levar o corpo.” Vesti-me meio robot, acordei o
meu filho do meio e dei-lhe a notícia, avisei o mais velho para ficar em casa
para o caso de o irmão mais novo acordar não se assustar por não nos ver em
casa.
O meu marido conduziu-nos até lá, penso que ninguém falou na
viagem, mergulhados no torpor que se instalou em todos nós.
Nunca esquecerei o corpo morno da minha mãe, o ar sereno e
com um leve sorriso nos lábios, como se a querer dizer-nos que estava tudo bem,
que finalmente estava em paz.
Mas como em tudo na vida, nem tudo o que nos acontece num
ano é mau. A vida é feita de altos e baixos.
Neste ano cimentei as minhas amizades, tive ao meu lado os
meus amigos que me demonstraram o seu apoio e amor de todas as formas
possíveis.
Esta minha página cresceu de uma forma que eu nunca tinha
imaginado. E eu acredito que foi Deus que me ajudou para que a página tivesse
sido criada na altura em que foi.
Esta página foi para mim o meu diário, o meu refúgio, o meu
escape.
Assim que chegava a casa, vinda do hospital, escrevia e
escrevia e isso ajudou-me imenso.
A minha mãe sempre que me via mal e como me conhecia bem,
mandava-me escrever.
Ajudaram-me todos vocês, pessoas que eu nem sequer conheço. Pondo
gosto, partilhando o que escrevo, confortando-me com as vossas palavras e os
vossos comentários e é por isso também que hoje eu vos agradeço e agradeço aos
meus amigos que nunca me deixaram cair.
Peço a Deus forças para enfrentar o novo ano que aí vem e
espero poder contar com todos vocês.
Obrigada.
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