28 dezembro, 2014

Balanço do ano


Ao aproximar-se o final do ano, chegam as considerações e balanços do ano de cada um.

O meu coração divide-se entre querer que o ano termine ou não. Por um lado desejo que passe, para poder encerrar um ciclo que me corrói, por outro, não o quero deixar para trás porque quando falar dele será sempre como se uma parte de mim tivesse ficado presa lá.

Relembrarei para sempre o dia 11 de Janeiro em que o meu filho fez dezasseis anos e em que o pai da minha melhor amiga faleceu. O meu coração dividiu-se entre a alegria dos festejos por mais um ano do meu filho e o desespero da minha querida amiga.

No domingo de Páscoa foi a vez da minha querida avó, que partiu depois de tantos anos a sofrer deitada numa cama.

Enquanto eu viver nunca esquecerei o telefonema que recebi do meu irmão às três da manhã do dia vinte e quatro de Setembro de 2014, nunca esquecerei o seu tom de voz baixo, querendo adoçar a voz e a mensagem que tinha para me dar: “Mana, a nossa mãe já partiu. A nossa mãe já cá não está”, depois lentamente: “Se quiseres despedir-te dela, podes vir ter ao hospital, eles esperam que vocês venham para levar o corpo.” Vesti-me meio robot, acordei o meu filho do meio e dei-lhe a notícia, avisei o mais velho para ficar em casa para o caso de o irmão mais novo acordar não se assustar por não nos ver em casa.

O meu marido conduziu-nos até lá, penso que ninguém falou na viagem, mergulhados no torpor que se instalou em todos nós.

Nunca esquecerei o corpo morno da minha mãe, o ar sereno e com um leve sorriso nos lábios, como se a querer dizer-nos que estava tudo bem, que finalmente estava em paz.

Mas como em tudo na vida, nem tudo o que nos acontece num ano é mau. A vida é feita de altos e baixos.

Neste ano cimentei as minhas amizades, tive ao meu lado os meus amigos que me demonstraram o seu apoio e amor de todas as formas possíveis.

Esta minha página cresceu de uma forma que eu nunca tinha imaginado. E eu acredito que foi Deus que me ajudou para que a página tivesse sido criada na altura em que foi.

Esta página foi para mim o meu diário, o meu refúgio, o meu escape.

Assim que chegava a casa, vinda do hospital, escrevia e escrevia e isso ajudou-me imenso.

A minha mãe sempre que me via mal e como me conhecia bem, mandava-me escrever.

Ajudaram-me todos vocês, pessoas que eu nem sequer conheço. Pondo gosto, partilhando o que escrevo, confortando-me com as vossas palavras e os vossos comentários e é por isso também que hoje eu vos agradeço e agradeço aos meus amigos que nunca me deixaram cair.

Peço a Deus forças para enfrentar o novo ano que aí vem e espero poder contar com todos vocês.

Obrigada.

Sem comentários:

Enviar um comentário