31 outubro, 2014

O sentido da vida


Ontem estive a ver a entrevista que deu na televisão a uma rapariga, penso que americana, a quem foi diagnosticado um cancro cerebral em fase terminal e em que lhe foi dito que lhe restava no máximo seis meses de vida. Ela tinha agendado a sua morte para este sábado, mas entretanto mudou de ideias e adiou um pouco mais a sua decisão.

Estava agora no meu quintal a estender roupa e a pensar como seria para uma rapariga de vinte e nove anos, ouvir esta notícia. Não consigo pensar em nada pior.

É horrível saber que tem uma sentença de morte sobre a cabeça, mas vendo bem todos nós a temos, só não sabemos o dia. Posso morrer hoje, como posso morrer na próxima semana, como posso durar até aos oitenta anos. Não sei e sinceramente, prefiro não saber.

E então penso nas mesquinhices do nosso dia-a-dia. Com aquilo que nos irritamos. As pessoas que não perdoamos. Aquilo que não damos com medo de que nos venha a fazer falta, uma coisa que se calhar nem nunca utilizamos.

Nos nervos que apanhamos sempre que alguma coisa não nos corre como esperamos. Nas discussões que temos.

Na forma como nos esquecemos do que temos. Da saúde, da comida na mesa, de um tecto, de uma cama, de um companheiro ou companheira, dos pais, dos filhos.

E passamos os dias e os meses preocupados com coisas que provavelmente nunca vão acontecer, em vez de aproveitarmos o momento. Em vez de abraçarmos e beijarmos os nossos pais, em vez de mimarmos os nossos companheiros, em vez de ouvirmos os nossos filhos, em vez de convidarmos os nossos amigos para passarem tempo de qualidade connosco.

E um dia, tudo acaba. E será que valeu a pena?

Ana Silvestre

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